sexta-feira, 25 de maio de 2012

DESENVOLVIMENTO INFANTIL ATRAVÉS DO JUDO


É muito comum ver pais matricularem seus filhos no Judô, pois acreditam  que por ser uma arte marcial japonesa, a criança será formada com valores como respeito, integridade, disciplina, etc.


Está correto, mas também é preciso atenção. Não basta o filho estar tendo aulas de judô, para achar que ele se tornará outra pessoa. A educação da criança deve ser o mais uniforme possível tanto em sua escola como em sua casa e em seu dojo (local de treino). Às vezes, basta um exemplo aparentemente inocente dado pelos pais que a criança copia e aprende de modo equivocado. Além disso, a grande vantagem do judô para as crianças não é o fato de ser uma arte marcial japonesa com seus conceitos rígidos, mas outros muito mais importantes.

Segundo Piaget – cientista que estudou os estágios de desenvolvimento infantil – a criança passa por algumas fases durante o seu crescimento. Normalmente quando matriculadas no Judô, as crianças encontram-se na fase que Piaget chama de Estágio Pré-Operatório (entre 2 e 7 anos de idade). Esta fase é também chamada de fase intuitiva, e é de extrema importância para o desenvolvimento da criança, e é nesta fase que a criança usa a estratégia do jogo simbólico para organizar e compreender o mundo, além de usar o jogo para livrar-se de algumas angústias.

No jogo simbólico, a criança fantasia a realidade. Diz que seu carrinho de brinquedo é uma nave espacial, e que seu boneco tem superpoderes. Diz que duas pedras no chão é a base secreta, e se passa uma formiga, é um dinossauro gigante. Tudo isso faz muito sentido para a criança, apesar de que, as vezes para os adultos, é uma fantasia irrelevante.

O judô trabalha muito com jogos simbólicos. É durante o treino que a criança cria certas fantasias para poder entender um golpe, entender a sua relação com a outra criança, entender que ás vezes ela pode machucar o outro. Muitas vezes, a criança acha que o Judogi (kimono) é uma armadura que lhe dá poderes, e com isso, ela se sente capaz de usar o corpo para realizar os movimentos aprendidos, e assim, desenvolver sua capacidade motora.

Nessa fase do desenvolvimento infantil, a criança normalmente é egocêntrica, de modo que não consegue colocar-se no lugar de outra de maneira abstrata. O Judô trabalha isso com os jogos, as lutas e principalmente com a graduação. À medida que a criança cresce, ela se gradua, e ela percebe que deve ser exemplo para as crianças menos graduadas, que vão seguir o mesmo caminho que ela seguiu.

O respeito pelo outro é trabalhado no judô tanto através da graduação, onde a criança mais graduada percebe que deve ser exemplo, e a menos graduada percebe que deve respeitar tanto o professor como as crianças mais graduadas, como também é desenvolvido através do treino. Uma técnica pode machucar, e por isso, não deve ser aplicada para machucar o colega de treino. A criança aprende que ultrapassar os limites do seu próprio corpo pode significar machucar um amigo, e por isso, é preciso desenvolver um auto-controle.

Os jogos tem outro papel importante nesta fase do desenvolvimento: para a criança, o jogo não é apenas uma brincadeira, mas é um modo de organizar o mundo e entender qual o seu papel nesse mundo. Por isso, muitas vezes a criança não aceita a derrota com facilidade. Ás vezes cria estratégias nos jogos para modificar as regras e sair sempre vencendo, pois a derrota afeta sua auto-estima.

O judô infantil no Brasil trabalha com o sistema de festivais, ou seja, são torneios em que todos são premiados, podem ter medalhas diferenciadas, mas todos recebem. Pois o intuito é mostrar aquela criança que “perdeu”, que precisa dedicar-se mais aos treinos, sem traumatizar. Esse é o papel que o professor faz, o resgate da confiança e auto-estima.

Fonte: http://www.judoctj.com.br/o-desenvolvimento-infantil-atraves-do-judo/

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A CONSTRUÇÃO DA AUTO ESTIMA

Sábado dia 12 de maio fui na reunião de escola da minha filha . A professora dela, sempre que há reuniões ela nos dá um texto para refletir, e o texto desta reunião, achei muito interessante e resolvi postar aqui para dividir com vocês. Espero que gostem!!





O ato de educar não deve se limitar à mera transmissão de conhecimentos, mas também ajudar a criança na formação de sua autoimagem, possibilitando o desenvolvimento de atitudes positivas que contribuam para a construção de sua individualidade e sociabilidade.

Será que nós, pais, professores e adultos em geral, estamos realmente preparados para educar crianças? Estamos exercendo, de forma adequada, nossa função de educadores?

Bem lá no nosso íntimo, quantas vezes nos sentimos inadequados! Possuímos o título de educadores, mas exercemos a função com insegurança. Preocupamo-nos em ser bons transmissores de conhecimentos, bons cobradores de hábitos sociais e desvalorizamos o trabalho humanístico de construção de pessoas. Qual, então, deveria ser a tarefa mais importante dos educadores? 

Acredito que, ao lado do ensino, podemos ajudar as crianças a gostarem de si mesmas, procurando comunicar-lhes que são seres humanos, dignos de respeito e consideração, que conviver com elas é um prazer, pois são pessoas cujos sentimentos e idéias têm importância. Aos invés de ficarmos parados em sentimentos de culpa, por não canalizar nossas energias para  a busca de meios adequados de educação?

Será que nos preocupamos com a maneira como estamos nos relacionando com nossos educandos? Paramos para pensar quantas vezes somos autoritários no nosso convívio com eles? Muitas vezes, quando reivindicam algo, os menosprezamos e ridicularizamos. Desvalorizar e depreciar os sentimentos das crianças com atitudes impacientes demonstram a elas que não merecem ser ouvidas e consideradas. Acusar, fazer julgamentos, ironizar não podem ser atitudes comuns e naturais nossas.

Crianças não têm referências clara de sua individualidade e são influenciadas na maneira pela qual são vistas e tratadas pelos adultos. ao usarmos  palavras que as valorizam, estamos criando pessoas afetuosas, que se respeitam e que respeitam os outros. Além de dizer com palavras o quanto as amamos e as admiramos, podemos, também,demonstrar com isso nossos gestos e atitudes. O importante é o quanto elas se sentem queridas e respeitadas.

A criança  só poderá sentir seu valor e amor-próprio quando possuir esse sentimento genuíno de estima. A autoestima é construída a partir da  referência recebida dos adultos mais próximos. Quando adulta essa criança  só poderá amar seus semelhantes se tiver aprendido a amar a si mesma

Se a criança não teve experiências  positivas no inicio da vida, com seus pais, quem sabe será na escola, através de um professor ou colega que ela construirá uma autoimagem positiva e de confiança no seu potencial. Qualquer situação da vida que leve a criança a se sentir mais valorizada, alimenta sua autoconfiança.

A criança  que esta construindo  sua autoestima é muitas vezes uma criança tímida e isso dificulta o nosso trabalho de ajudá-la. 

O tímido é um perfeccionista, alguém que se cobra de forma permanente. O pavor do desacerto consegue tirar-lhe a serenidade e a aceitação de si mesmo. E, a medida que fracassa, se impõe um ideal de perfeição cada vez mais inacessível e tudo isso influi na construção da autoestima.

De que forma podemos ajudar nossas crianças? Por exemplo, incentivando-a a assumir pequenos riscos e se aceitar como alguém suscetível a erros e que não precisa ser admirado e perfeito o tempo todo; fazendo-o aceitar (e acreditando) no seu valor pessoal; valorizando com ele os triunfos alcançados, mesmo os pequenos e, por fim, levando-o a aceitar (e aceitando) seus possíveis fracassos, como um fato natural da vida de qualquer ser humano. 


 Fonte: Maria José C.Ghanem - Psicologa e Pedagoga