quarta-feira, 25 de abril de 2012

SOGRA X NORA : POR QUE ESTE RELACIONAMENTO É TÃO COMPLICADO?



O ato de duas pessoas se conhecerem, namorarem e casarem faz parte do desenvolvimento humano. Porém, muitas vezes o casal é composto por duas pessoas que têm enraizadas em si costumes, tradições, valores e rotinas muito diferentes uma da outra, e são justamente essas diferenças as responsáveis pela grande maioria dos problemas de relacionamento e os conflitos familiares.

Alguns casais quando passam a conviver sob o mesmo teto até conseguem estabelecer limites e acordos para que um respeite as idéias e os princípios do outro. O problema é que quando casamos, não casamos apenas com uma pessoa, mas sim com uma família que inclui pai, mãe, irmã, cunhado, cunhada, sogro, sogra e etc.

Culturalmente é sabida a dificuldade que muitas noras e sogras têm de se relacionar. Algumas passam a vida trocando farpas, outras não conseguem conversar e conviver no mesmo lugar e há até algumas que abandonam o relacionamento por conta da interferência constante da sogra na vida do casal.

Entre os principais motivos de intrigas e dificuldades nesse relacionamento, pode-se destacar o fato da nora ver a sogra como rival, a mãe ter a sensação de aquela outra mulher está lhe tirando o filho, a disputa pelo poder sobre aquele homem, a dificuldade em aceitar e conviver com as diferenças de opinião, a necessidade de atenção e o ciúme excessivo.

Família é a coisa mais complexa do mundo e dificuldades de  relacionamento podem vir de qualquer parte, seja sogra/nora, sogro/nora, sogro/sogro, cunhada/nora, e inúmeras outras possibilidades. Cada qual deve saber o seu próprio papel e seus limites, aprendendo a tolerar e a valorizar a felicidade de cada membro da família. Assim, mãe é mãe, esposa é esposa, são amores e relações completamente diferentes, tornando totalmente desnecessárias qualquer tipo de disputa.

Na verdade, todas as mães (e pais) tem que ter a humildade para compreender que os filhos um dia crescerão, sairão de casa e terão sua própria família. É o curso natural da vida e é algo que as sogras complicadas não conseguiram interiorizar. Da parte das noras, se elas também forem dominadoras e possessivas, então realmente esse relacionamento vai ser muito complicado, pois elas estarão sempre disputando a atenção e o amor exclusivo do homem. As noras também podem ser inseguras e excessivamente ciumentas, fazendo de tudo para tornar a convivência insuportável a ponto da sogra se retirar de cena. Nem sempre a “megera” é a sogra!

Mesmo que os pais sejam daqueles que querem manter o filho debaixo das asas e que se intrometem em tudo, é preciso que ele mesmo assuma sua liberdade de escolha, sua independência e passe a viver conforme seus próprios desejos, limitando a interferência familiar, não tomando partidos e deixando bem claro para cada uma o papel delas.

As famílias de origem podem estar por perto, mas devem oferecer um espaço de companheirismo, amor e apoio, sem intrusões e críticas,  onde o novo casal possa construir sua nova vida de forma saudável, baseada na aceitação e no respeito às diferenças. Ou seja, as famílias não precisam se casar entre si, o que se faz necessário é manter o respeito mútuo, de modo que a harmonia prevaleça.

Se mesmo assim a convivência for conturbada, seja entre sogra e nora ou entre quaisquer outros membros da família, vale experimentar a Terapia Familiar, tentando encontrar soluções e respostas para tanta inimizade, podendo até mesmo chegar a acordos que tornam tudo mais harmônico ou pelo menos tolerável.


Fonte: www.amandacarvalho@patriciaesperta.com.br) e Milena Lhamo (terapeuta floral) 

terça-feira, 24 de abril de 2012

DOENÇAS PSICOSSOMÁTICAS


Psicossomática é o estudo das relações entre as emoções e os males do corpo, baseia-se na observação de que estresses psicológicos e sócio-culturais podem desempenhar um papel na predisposição, inicio curso e resposta ao tratamento de algumas alterações fisiológicas e distúrbios orgânicos.

A culpa, o medo, a tensão do dia-a-dia, não podem ser medidos, mas podem ser tão patogênicos quanto um vírus.

Doenças psicossomáticas são doenças físicas provocadas por um estado emocional alterado e prolongadas. O corpo faz esforços constantes no sentido de conservar-se em equilíbrio. Se a tensão e outros fatores desequilibrarem a gangorra, o corpo vai buscar uma adaptação através de alterações em sua química, que poderá ser danosa para o resto do organismo, levando ao que se denomina de moléstias de adaptação. A doença pode surgir quando o individuo esta sob tensão, como já dissemos, e algumas das fontes é a alteração externa. Acontecimentos importantes na vida particular, bons ou maus, podem torná-lo vulnerável as doenças. Comoção social, pressões de guerra, tensões no trabalho, ritmo acelerado da vida cotidiana, morte na família, separações, desemprego: Todos esses estados são acompanhados de altos indicies de moléstias. 

Praticamente todas as doenças apresentam componentes emocionais, exceto as manifestações patológicas estritamente hereditárias, como por exemplo, a hemofilia, a anemia falciforme. Também não se colocam entre as moléstias psicossomáticas as causadas por fatores de meio ambiente, intoxicações alimentares, moléstias profissionais (LER) e intoxicações por poluição. Mas é possível, contudo, que mesmo nesses casos, o nível de danos seja aumentado em decorrência da tensão psíquica, já que o estado emocional da vítima frequentemente ajuda a determinar o curso da doença.

Algumas características de personalidades fazem com que as pessoas fiquem sujeitas as doenças psicossomáticas, como por exemplo: 

Amidalite: (inflamação na garganta) Emoções reprimidas, criatividade sufocada.

Anorexia: Ódio ao extremo de si.

Apendicite: Medo da Vida, bloqueio do fluxo de que é bom.

Artrite Crítica: mantida por muito tempo.

Asma: Sentimento contido, choro reprimido.

Bronquite: Ambiente Familiar inflamado, gritos, discussões.

Câncer: Mágoa profunda, tristeza mantida por muito tempo.

Colesterol: Medo de aceitar a alegria.

Derrame: Resistência, Rejeição a vida.

Diabetes: Tristeza Profunda.

Dor de cabeça: Auto-crítica falta de valorização.

Dor de Joelhos: Medo de Recomeçar, medo de seguir em frente.

Enxaqueca: Raiva deprimida, pessoa perfeccionista.

Frigidez: Medo, negação do prazer.

Gastrite: Incerteza profunda, sensação de condenação.

Hepatite: Raiva, Ódio, Resistência a mudanças.

Insônia: Medo, culpa.

Labirintite: Medo de não estar no controle.

Meningite: Tumulto interior, falta de apoio.

Nódulos: Ressentimento, frustração, Ego ferido.

Pneumonia: Desespero, cansaço da vida.

Pressão Alta: Problema Pessoal duradouro não resolvido.

Pressão Baixa: Falta de amor quando criança

Porque se apresentam alguns sintomas e não outros? Porque o organismo se altera de maneiras diferentes sob a influencia da tensão emocional. 
Os filhos também podem se fixar em sintomas semelhantes ao do pai e da mãe. E também pode existir uma culpa em decorrência de sentimentos relativos aos pais que podem influir na escolha de sintomas. 
São sentimentos reprimidos e que ficam ao nível do inconsciente. Mas a repressão pode enganar a mente, mas não ao corpo, que reage aos processos inconscientes, se expressando por uma linguagem fisiológica para se defender da confusão intima. Por isso a psicoterapia tem sido uma excelente auxiliar no tratamento e prevenção das doenças, pois tem a finalidade de tornar consciente aquilo que tenha sido anteriormente inconsciente, possibilitando ao paciente a solução das dificuldades com o auxilio da mente racional e consciente. O psicólogo procura compreender quais os mecanismos usados pelo paciente que estão prejudicando a sua saúde. Ele vê o paciente como um todo, sabe do efeito negativo das emoções alteradas, nas moléstias do corpo. Procura escutar o paciente, se envolve com os sentimentos dele, o compreendendo e o ajudando.

As pessoas adoecem tanto porque a maioria das perturbações psicossomáticas proporciona á vítima um ganho secundário inconsciente que serve para perpetuar a perturbação. 


Fonte: Tratado de Psiquiatria - Cap. 15 de autoria do Dr. Tray L. ThaompsonI

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A DIFERENÇA DE IDADE NOS RELACIONAMENTOS

Sei que relacionamentos que fogem do convencional por alguma razão, tendem a causar polêmica, comentários e até represálias por parte da família. 

Sei também que os amigos e parentes não têm, em princípio, a intenção de nos ver infelizes ou desiludidos. Antes, querem nos proteger de possíveis desafetos, de situações dolorosas, enfim, de qualquer dissabor.

No entanto, ainda assim, se não nos responsabilizarmos por nossa felicidade, por nossa vida íntima, os conselhos podem mais nos atrofiar em meias-verdades do que nos impulsionar a grandes e certeiras conquistas.

No caso de um amor onde a diferença de idade seja notável, sugiro que levemos em conta bem mais as particularidades invisíveis do que os dados efêmeros como os anos. Almas, corações e sentimentos não seguem o mesmo ritmo que o corpo, a pele e os dias de vivência. 
A diferença de idade entre o homem e a mulher numa relação de namoro é tema polêmico, mas ainda regido por normas instituídas há muitos anos.

O namoro de um homem mais velho com uma mulher mais jovem já se tornou um hábito bastante comum na nossa sociedade, porém uma mulher que quer ter um relacionamento amoroso com um homem bem mais jovem ainda pode enfrentar muitos preconceitos, embora tenhamos que admitir uma diminuição nos últimos tempos.

Falar de maneira hipotética sobre diferença de idade nos relacionamentos amorosos pode parecer algo superado, mas quando se depara na prática com essa realidade nota-se que a sociedade não é assim tão aberta como teoricamente se apresenta, principalmente quando essa diferença é grande e a pessoa mais velha é a mulher.

Ao folhearmos as revistas e jornais, vimos manchetes mostrando casais famosos formados por homens mais jovens e mulheres mais velhas como se isso fosse algo estranho e até imoral, e se o simples namoro de uma celebridade mais velha com um homem mais jovem é suficiente para colocá-los nas capas das revistas imagine o que podem passar os casais ‘simples mortais’ que enfrentam essa realidade.

Se uma mulher decide namorar um homem bem mais jovem ambos devem estar preparados para receber críticas e brincadeiras de mau gosto. Assimilar de forma natural as interferências externas e tocar o namoro sem se preocupar é fundamental para que a relação se fortaleça, é o que ocorre com aqueles casais que realmente estão decididos a desafiar os preconceitos em nome desse amor.

O primeiro repúdio ao namoro costuma surgir no seio da própria família, que supõe saber o que é melhor para seus membros embora nem sempre o que é melhor para eles, seja para o outro. Se um determinado membro da família considera não ser bom se relacionar com uma pessoa muito mais jovem, ele vai pensar que também não deverá ser bom para o outro. É preciso ter paciência com elas, evitando discussões e brigas que não levam a nada, procurando levar a pessoa amada a uma convivência mais próxima para que a conheçam melhor.

Não escolhemos a pessoa nem tampouco a idade dela para nos apaixonar, simplesmente a amamos, é algo um tanto quanto complexo para controlarmos, logo se você ama alguém e é correspondido invista nessa relação se ela a faz feliz, não olhe de lado e entenda que alguns dos que lhe criticam o fazem por estarem presos a velhos hábitos.

Viver de forma diferente daquela a que se está acostumado causa ansiedade e medo. Os relacionamentos amorosos são exceção à regra. Contudo, é necessário ter mais coragem e discutir os valores que são transmitidos sem ser questionados, mas que sempre geram sofrimento. A diferença de idade no namoro é apenas um exemplo dos inúmeros preconceitos que estão arraigados às pessoas, limitando inteiramente a vida.





Fonte: www.parcerto.com.br 

terça-feira, 10 de abril de 2012

MEDO DE RELACIONAMENTO SÉRIO?


Achei esse texto super interessante!!!! 





É com muita frequência que me deparo – online ou off-line – com pessoas que estão em busca de um relacionamento sério. Enquanto algumas delas, mais cedo ou mais tarde, acabam conseguindo achando seu par, outras parecem ter menos sorte, e encontrar um amor parece ser uma missão quase impossível. Qual será a diferença entre aqueles que conseguem e outros que têm maiores dificuldades? Será mesmo uma questão de “sorte”? Creio que não seja exatamente isso. 

Se observarmos um pouco mais, veremos que algumas destas pessoas que “parecem ter menos sorte” querem muito ter um relacionamento. Até terem! O que quero dizer é que, quando estão solteiras, se queixam de não ter uma companhia, dizem-se desejosas de ter alguém, chegam a se lamentar pensando que seu destino é a solidão. Quando finalmente encontram um par e iniciam um relacionamento sério, encontram uma infinidade de defeitos na outra pessoa e na própria situação de ter um compromisso. O outro é muito implicante, muito ciumento, pouco divertido, mal-humorado... Surge a saudade de não ter compromisso com ninguém, de poder decidir sozinho (a) o que fazer em uma sexta-feira à noite... Nestes casos, é fácil termos a impressão de que a pessoa na realidade não queria um relacionamento sério, ou pelo menos não queria tanto assim. Será que é isso mesmo? 

Qualquer escolha que façamos em nossas vidas nos fará abrir mão de certas coisas. Se escolhemos ser solteiros(as), perdemos a companhia de um(a) namorado(a). Se escolhemos ter alguém, perdemos a liberdade de não precisar dar satisfação sobre o que fazemos. Antes de qualquer escolha, é preciso, então, que avaliemos se os ganhos compensarão as perdas. Se ter uma companhia for mais importante do que não precisar dar satisfação a ninguém, aí sim vale a pena namorar. Caso contrário, estar solteiro(a) é a melhor opção. O que não se pode é pensar que é possível ter todas as vantagens de todas as situações. Há que se aceitar perder algo bom em prol de algo melhor ainda. 

Existem também outros casos em que a dificuldade não está em abrir mão de certas vantagens, mas no motivo que leva uma pessoa a querer ter uma relação séria. Há quem queira encontrar um amor somente para preencher um vazio. Quando isso acontece, o outro passa a ter uma imensa responsabilidade, a de ocupar um espaço que foi deixado por algo ou alguém no passado. O (a) companheiro (a) sofre, assim, a pressão da expectativa de que se encaixe com perfeição naquele lugar que lhe foi destinado. Mesmo quando o outro se adéqua ao tal lugar, seria um engano acreditar que vazios internos podem ser preenchidos dessa maneira. O vazio continua lá, apenas fica disfarçado, camuflado. Nesse caso, a tendência é a surgir a decepção pelo fato de a outra pessoa não ter atendido determinadas expectativas. 

Tudo isso nos mostra que encontrar um par é um processo que começa muito antes da busca efetiva por ele. O mais adequado é que a reflexão seja o primeiro passo, devendo vir antes das atitudes. Antes de sair à procura de um par, o ideal seria que cada pessoa perguntasse a si mesma exatamente o que ela deseja. A intenção é ter alguém apenas para preencher um vazio, ou para realmente viver um grande amor? A ideia é ter um (a) companheiro (a) de verdade ou encaixá-lo (a) nas próprias necessidades? É importante avaliar ainda a disponibilidade para abrir mão de certas coisas em prol de outras. Vale a pena mesmo? Os ganhos serão maiores do que as perdas?


Artigo escrito por: Dra. Mariana Santiago de MatosPsicóloga 

sexta-feira, 30 de março de 2012

LUTO COMO PROCESSO NATURAL DA CONDIÇÃO HUMANA


A morte é a única certeza de nossas vidas. Essa certeza vem da constatação da finitude da vida. Em nossa cultura Ocidental, a ideia de morte vem acompanhada de um grande pesar, medos e angústias, que, muitas vezes, nos dificultam encará-la como um processo natural da condição humana.

Quando perdemos uma pessoa querida, além da angústia e tristeza que a saudade nos impõe, também nos sentimos ameaçados frente à sua morte. Esta nos aproxima da nossa própria condição humana e do fato de que a morte também nos permeia, e fatalmente nos atingirá um dia. Isso nos torna, ainda mais vulneráveis, em um momento que já é tão difícil.

Para Freud (1916) “luto é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade, o ideal de alguém e assim por diante”.  .

É importante ressaltar que o luto é um processo que se inicia com a perda propriamente dita e se desenrola até o período de sua elaboração – quando o indivíduo enlutado volta-se, novamente, ao mundo externo.

Para a Psicanálise, desde que o luto seja superado, ele não é considerado uma condição patológica, mesmo que traga consigo grandes mudanças no estilo de vida de quem o vivencia, tal como a perda de interesse por atividades do cotidiano e pelo convívio social.  

Cada indivíduo reage ao luto de forma distinta, variando de acordo com sua estrutura emocional, suas vivências e sua capacidade para lidar com perdas.
É fundamental que esse processo de enlutamento, seja vivenciado até que ele seja superado, para que a dor da perda não fique reprimida e se manifeste posteriormente como algum outro sintoma. Esse é um processo lento e sua melhora gradual, com período de duração variável para cada pessoa.

O processo é normalmente, vivenciado através de um ou mais sintomas abaixo:

Entorpecimento - O indivíduo recentemente enlutado sente-se descrente, em choque, atordoado, desamparado. Isso acontece devido à dificuldade em aceitar a perda.  

Negação – Se apresenta como mecanismo de defesa frente a essa situação tão dolorosa.

Anseios - Crises intensas de choro e Dor profunda –  A perda pode gerar um grande anseio por reencontrar a pessoa morta. A impossibilidade desse reencontro pode gerar crises intensas de choro e dor profunda, assim como uma preocupação excessiva com seus pertences e objetos que tornem sua lembrança viva.

Culpa – Em muitos casos, esse sentimento é bastante presente. O enlutado pode, ao relembrar alguns eventos vivenciados com a pessoa morta, achar que deveria ter agido de forma diferente nessas ocasiões, ou, até mesmo, que poderia ter evitado sua morte.

Raiva, desespero, falta de prazer e hostilidade - Muitas vezes, o enlutado se volta contra amigos, familiares, médicos, Deus e, quando há o sentimento de culpa, contra si mesmo. Ele pode vir a se afastar dos amigos e do convívio social assim como perder o prazer e interesse no mundo externo, tanto em atividades novas quanto costumeiras.

A superação do luto se inicia quando o enlutado passa a construir um novo tipo de vínculo com a pessoa morta, fazendo com que a relação seja preservada em outro patamar, ou seja, quando o indivíduo falecido é internalizado, continuando, assim, a viver no mundo interno do enlutado.  

O sofrimento começa, então, a diminuir e ele torna a resgatar laços sociais, retomando vínculos antigos e construindo novas relações.

Podem ocorrer recaídas, principalmente em datas que lembrem o indivíduo falecido, como  aniversários de nascimento ou de morte, porém o apoio e a compreensão, tanto dos amigos quanto dos familiares, ajudarão a fazer do processo de enlutamento algo mais suportável.

Com o tempo, o enlutado volta a se inserir no mundo externo de modo pleno e normalmente, com sua capacidade de suportar perdas aumentada e amadurecida.


Texto de:  Fernanda Abatepaulo Linhares Guimarães


quinta-feira, 22 de março de 2012

SÍNDROME DO PÂNICO


A Síndrome do Pânico causa grandes sofrimentos e é bastante comum, mais do que se imagina. Felizmente existe solução, desde que feito um diagnóstico preciso que a pessoa queira realmente rever sua experiência de vida e seus valores, acompanhado por um profissional qualificado que vai servir como catalisador e orientador do processo.

Por estes relatos, que poderiam ser de diferentes pessoas que sofrem de Síndrome do Pânico, é possível identificar o grau de sofrimento e impotência que estas pessoas sentem ao passar pelas crises. A pessoa sente-se desprotegida e seu corpo passa a ter sensações estranhas, porém os exames clínicos não detectam nada de anormal com seu organismo.


Geralmente, a Síndrome do Pânico aparece no começo da vida adulta e é detonada por situações de estresse, como pressões no trabalho, no casamento ou na família, em que a pessoa se sente desamparada. O transtorno é de duas a quatro vezes mais freqüente nas mulheres, mas também pode ocorrer com sinais semelhantes nos homens. É claro que um único episódio de crise de ansiedade não caracteriza a Síndrome do Pânico, mas crises repetidas levam ao desenvolvimento do transtorno.

No pânico o perigo vem de dentro, o organismo responde a um alarme falso, o corpo reage como se estivesse frente a um perigo extremo, porém não há nada visível que possa justificar esta reação. 


É comum a pessoa passar a restringir a sua vida ao mínimo, limitando toda forma de estimulação para tentar evitar que aquela sensação volte. Assim a pessoa passa a evitar lugares, foge de atividades físicas e fica em casa, privando-se de muitas experiências, e essa atitude passa a comprometer a sua vida pessoal e profissional. Vamos compreender o que acontece com a pessoa.
A Síndrome do Pânico é um transtorno psíquico caracterizado pela ocorrência de inesperados ataques de medo extremo e por uma expectativa ansiosa sobre a possibilidade de ter novos ataques. Os ataques de pânico consistem em períodos de intensa ansiedade, geralmente com início súbito e acompanhados por uma sensação de morte iminente.

A freqüência das crises varia de pessoa para pessoa, assim como sua duração. Há crises de pânico mais intensas e outras menores.
Durante as crises, os portadores relatam sintomas como:

  • Taquicardia / Falta de ar
  • Dor ou desconforto no peito
  • Formigamento /Tontura
  • Tremores / Náusea ou desconforto abdominal
  • Embasamento da visão
  • Boca seca, dificuldade de engolir
  • Sudorese, ondas de calor ou frio
  • Sensação de iminência da morte
As crises de pânico costumam iniciar a partir de uma reação inicial que cause ansiedade. A partir daí passa a surgir na mente da pessoa uma série de interpretações negativas sobre o que está ocorrendo, sendo muito comum alguns pensamentos catastróficos como o de que a pessoa está perdendo o controle, vai desmaiar, está enlouquecendo ou que vai morrer. 

No intervalo entre as crises a pessoa costuma viver na expectativa constante de ter uma nova crise. Este processo é chamado de “ansiedade antecipatória”, que leva muitas pessoas a evitar certas situações e a restringir suas vidas a um mínimo de atividades.

Enquanto nas Fobias Simples a pessoa teme uma situação ou um objeto específico fora dela, como por exemplo, medo de altura ou medo de lugares fechados, no Pânico a pessoa passa a temer as reações de seu próprio corpo; é para essas reações que se volta a atenção, como deflagradores das crises de Pânico.

A Síndrome do Pânico é um estado de ansiedade que poderá ser relacionado a estar em locais ou situações onde escapar ou obter ajuda poderia ser difícil, caso a pessoa tivesse um ataque de pânico. Pode incluir várias situações como estar sozinho, estar no meio de multidão, estar preso no trânsito, dentro do metrô ou num shopping. As pessoas que desenvolvem este tipo de Pânico, geralmente se sentem mais seguras com a companhia de alguém de sua confiança e acabam elegendo alguém como companhia preferencial.
Este acompanhante funciona como um regulador, ajudando a pessoa a se sentir menos vulnerável a uma crise de pânico.

A pessoa com pânico vive um profundo conflito em relação às suas sensações corporais. Seu corpo é vivido como uma fonte constante de ameaça. A pessoa faz constantes interpretações equivocadas de suas sensações corporais, achando que vai ter um ataque cardíaco, que está doente, que vai desmaiar, que vai morrer, etc. Há uma profunda falta de confiança em si mesma. 

A pessoa com Síndrome do Pânico vive ansiosamente o que poderia ser vivido com sentimentos diferenciados. Numa situação que poderia despertar alegria, a pessoa se sente ansiosa; numa situação que provocaria raiva ela também se sente ansiosa. Qualquer reação interna ou sentimento mais intenso tende a despertar reações de ansiedade. 

As sensações de Pânico podem ser variadas, desde uma alteração nos batimentos cardíacos, uma sensação de perda de equilíbrio, tontura, falta de ar, enjôo, palpitação, tremor, etc. A presença destes gatilhos corporais podem disparar a ansiedade mesmo quando a pessoa não se dá conta de sua presença.

A ansiedade é a emoção típica da expectativa de perigo, ela ocorre quando a pessoa se projeta numa situação futura sentida como ameaçadora: eu vou... e vou passar mal. A pessoa com pânico vive tomada por graus variados de ansiedade e tem dificuldade de se sentir inteira no momento presente, vivendo como prisioneiro remoendo os seus pensamentos do que irá acontecer no futuro.

O estado de ansiedade leva a rigorosidade no processo de atenção e pensamento. A atenção passa a se deslocar involuntariamente, monitorando o corpo ou o ambiente em busca de algo que possa representar perigo. O enfraquecimento da capacidade de controle voluntário da atenção está relacionado à dificuldade de concentração.

Sob ansiedade a consciência é tomada por um fluxo de preocupações, pensamentos catastróficos e ruminações, a pessoa tem pouco domínio de sua mente. Surgem interpretações equivocadas das sensações corporais e pensamentos catastróficos, onde a pessoa passa a esperar sempre pelo pior.
Ao sentir alguma alteração em seu corpo a pessoa reage com ansiedade. A ansiedade produz um conjunto de reações fisiológicas que são naturais desta emoção. Porém a pessoa com Pânico tende a interpretar estas reações como se elas fossem perigosas. Estes pensamentos catastróficos acabam por produzir mais ansiedade, o que por sua vez vai aumentar ainda mais as reações fisiológicas, reforçando assim os pensamentos catastróficos. 

Cria-se assim um circuito infindável, onde as reações fisiológicas naturais do sentimento de ansiedade são interpretadas equivocadamente como perigosas em para si, o que produz mais ansiedade e alimenta os pensamentos catastróficos, num processo sem fim.

Através do processo emocional podemos regular o nosso próprio estado interno, nos acalmando, nos contendo e motivando. Através do processo de vínculos com pessoas ligadas ao nosso dia a dia podemos influenciar reciprocamente a parte fisiológica e os afetos um do outro e assim podemos nos acalmar e nos regular nos relacionamentos com pessoas de confiança.

Esses dois processos são normais, necessários e importantes ao longo da vida. Nas pessoas que desenvolvem Síndrome do Pânico encontramos problemas nestes dois processos, tanto uma precária capacidade de regular e controlar o lado emocional, como uma fragilidade nos processos de vínculos.
Tomada pela ansiedade nas crises, mas também num grau menor no período entre as crises, a pessoa com pânico não sabe como apagar o fogo que arde dentro de si.

A qualidade da relação com a própria excitação interna começa a se moldar nas experiências precoces de vida. Inicialmente a mãe ajuda e ampara a criança até que esteja mais madura e possa se amparar. Observa-se que nas pessoas com Síndrome do Pânico esta função não está bem desenvolvida e a pessoa sente-se facilmente ansiosa e vulnerável frente às reações emocionais. É comum, por exemplo, as pessoas com Pânico terem tido mães ansiosas, emocionalmente hiper-reativas, que ao invés de acalmarem a criança, a deixavam mais assustadas a cada pequeno incidente, como um tropeção ou um simples resfriado.

Experiências de vida desde a infância precoce podem atrapalhar o desenvolvimento da capacidade de auto controle, tornando uma pessoa mais vulnerável a desenvolver futuramente um transtorno ansioso como a Síndrome do Pânico.

Muitas pessoas com Pânico costumam solicitar a presença constante de alguém para que se sintam mais seguras. Vivem buscando compensar a sua dificuldade de auto controle através de uma compensação pelo vínculo.
O desenvolvimento da capacidade é fundamental para uma pessoa que tenha medo de suas reações e tenha dificuldade em se auto controlar, como ocorre com as pessoas com Síndrome do Pânico. 

Quando duas pessoas estão conversando, elas estão em contato, mas não necessariamente em conexão. Contato é uma interação de presença, que pode ser superficial, enquanto conexão é uma ligação profunda que ocorre mesmo quando as pessoas estão distantes. Duas pessoas podem estar em contato, conversando, mas com baixíssima conexão, como numa situação social formal. Por outro lado, duas pessoas podem estar fisicamente distantes, e, portanto sem contato, mas se sentirem conectadas.

Esta distinção entre contato e conexão é muito importante para compreender o que ocorre na situação que produz as crises de pânico. Muitas pessoas têm a sessão de que quando a crise eclode elas estão sozinhas, sem conexão com os outros. A desconexão pode ser um fator importante para desencadear uma crise de pânico.

A pessoa com pânico geralmente conhece as sensações de estar ausente, meio fora da realidade, se sentindo distante mesmo de quem está ao seu lado. Muitas pessoas relatam que quando estão acompanhadas de alguém confiável, tendem a não ter crises de Pânico. Porém, isto é verdadeiro somente enquanto elas se sentem conectadas com esta pessoa. Quando a outra pessoa está ao lado, portanto em contato, mas sem conexão emocional, a crise de Pânico pode se instalar do mesmo modo.

A conexão com o outro pode prevenir as crises por oferecer certa proteção vincular, a garantia de um vínculo que protege contra a sensação de desamparo, que desencadearia a crise. A outra pessoa funciona como um porto seguro. Na ausência da conexão com o outro, o psíquico poderá se desregular e a sensação de pânico, eclodir.

A segurança criada pelos vínculos ocorre, por exemplo, quando a mãe acalma a criança assustada, pegando-a no colo, dirigindo-lhe palavras num tom de voz sereno, ajudando deste modo a diminuir a ansiedade e a agitação da criança. Este processo envolve o estabelecimento de um vínculo com uma comunicação profunda de estados emocionais. Demanda conexão e não apenas contato.

Geralmente as pessoas que desenvolvem Pânico tiveram experiências vinculares traumáticas, que podem envolver perdas, rompimentos, traições ou abandono. Estes traumas prejudicaram a capacidade da pessoa estabelecer e manter conexões emocionais profundas, fator essencial para a segurança emocional criada pelo vínculo.

Assim a pessoa pode algumas vezes se sentir protegida com a presença de alguém de sua confiança, mas acaba voltando ao estado de vulnerabilidade tão logo esta pessoa se afaste. Há uma precariedade na conexão vincular que se torna inconstante e frágil.

Há uma relação significativa entre o Pânico e as crises de ansiedade disparadas pelas situações de separação na infância. Uma boa parte das pessoas que desenvolvem Síndrome do Pânico não conseguiu construir uma referência interna do outro (inicialmente a mãe) que lhe propiciasse segurança e estabilidade emocional. Esta falta de confiança pode trazer, em momentos críticos, vivências profundas de desconexão e desamparo, disparando crises de pânico.

A experiência do Pânico é muito próxima do desespero de uma criança pequena que se sente sozinha, uma experiência limite de sofrimento intenso, de sentir-se exposta, frágil, desprotegida, sob o risco de morte.

As pessoas com Síndrome do Pânico sofrem com uma falta de relação básica, falta de conexão e confiança nos vínculos, o que leva a uma vivência insegura, com experiências de fragilidade, vulnerabilidade e desamparo.
Para uma pessoa ficar boa da Síndrome de Pânico não basta controlar as crises. É necessário integrar as sensações e sentimentos que estavam disparando as crises e assim superar o estado interno de desamparo.

A melhora advém quando a pessoa torna-se capaz de sentir-se identificada com seu emocional, capaz de influenciar seus estados internos, sentindo-se conectada com os outros à sua volta, podendo lidar com os sentimentos internos, se re-conectando com os fatores internos que a precipitaram no Pânico e podendo lidar com eles de um modo mais satisfatório.

Superar a experiência da Síndrome do Pânico pode ser uma grande  oportunidade de crescimento pessoal, de uma retomada vital e contemporânea do processo psicanalítico na vida de cada um.


Fonte: Elizabeth Oliva Mednicoff - Psicóloga e Escritora 

sexta-feira, 16 de março de 2012

RESISTENCIA EM PSICOTERAPIA - COMO LIDAR?


Ir ao psicólogo é coisa para louco né? E eu não sou louco! Quantos de nós, psicólogos já não ouvimos isso?

E em função disso, muitos criam uma verdadeira muralha e até pre-conceitos sobre a terapia, mesmo quando decidem faze-la.  Inventam mil desculpas de que hoje não vai dar para ir, estou enrolado no serviço, acordei tarde, etc...

Pensando nisso, resolvi colocar um texto da Psicóloga Ana Luisa Testa que explica exatamente o que significa essa tal de resistência.

Quem está familiarizado com os jargões psicológicos já deve ter ouvido muito a primeira palavrinha do título: resistência. Para aqueles que ainda não a conhecem, darei uma breve explicação, pois me parece que o termo já se explica por si só.

A resistência seria o conjunto de fatores que dificultam o andamento do processo terapêutico. Esses fatores, em sua maioria, são inconscientes. Trocar palavras, esquecer o horário, perder as chaves do carro, e assim por diante.

Mas uma boa dose deles, são determinados conscientemente: marcar outros compromissos na hora da terapia, encher o tempo da sessão com conversa fiada, restringir os assuntos que podem ser falados, etc..

Para que um trabalho analítico caminhe bem, é FUNDAMENTAL que essas resistências sejam trabalhadas. Mas existe um tempo certo para isso.

Mas por que as pessoas resistem tanto? Acredito que por uma certa atitude de rigidez egóica. Nós queremos que todos aqueles sintomas indesejáveis sejam arrancados de nós durante uma análise, mas não sei quantos de nós estão dispostos a mudar por isso.

É aquela velha história de que para que algo novo surja, o antigo deve perecer. Não somos muito chegados nessa história de “perecer”. Afinal de contas, parece que o problema é sempre os outros, nunca nós mesmos.
Mas aí o terapeuta é colocado em um papel muito complicado. É como ir ao médico e dizer: “Dr., tenho colesterol alto. Mas por favor, não vamos fazer exame de sangue, pois não gosto de agulha.

Aí o médico te passa um medicamento que você esquece de tomar, e  também fala para você fazer atividade física. Você até se matricula na academia, mas nunca vai, pois sempre tem coisas mais importantes para fazer com seu tempo.

E seu colesterol melhora? Não, não melhora… e você pensa que talvez seja melhor marcar outro médico.

Isso é um tanto frustrante, tanto para o terapeuta quanto para o cliente. Mas trabalhar as resistências dentro da terapia não é tarefa fácil. Se você for condescendente em demasia com a atitude de “não querer ver, não querer saber, não querer mudar” de seu cliente, pode ser que ele nunca se dê conta de como sabota seu processo. Se você for muito duro, pode ser que você o quebre, e ele nunca mais volte.

Se as resistências estão lá, é porque são necessárias e protegem algo que pode desmontar. Ao terapeuta, cabe perceber (dando leves cutucadinhas) qual é o momento propício para tocar no assunto.
Gosto muito dessa frase da Monja Coen, sobre como isso se dá na relação mestre-discípulo no zen budismo (e que acho que dê para extrapolar para a relação terapeuta-paciente):

”No zen, costumamos dizer que o relacionamento do mestre com o discípulo deve ser como o da galinha com o pintinho. A galinha fica lá, chocando seu ovo e, de vez em quando, dá uma bicada na casca para ver se já pode abrir. Enquanto o pintinho não responde com uma batidinha, a galinha não quebra a casca do ovo. O mestre age da mesma forma. Ele nunca abre a casca do discípulo antes da hora, pois é preciso que haja uma resposta de dentro. É muito importante respeitar o tempo de cada um, sem querer forçar ou exigir nada de que o outro ainda não dê conta.” 

A resistência é como a casca do ovo, que protege o pintinho, até que ele possa sair dali para se relacionar por inteiro com tudo o que está à sua volta. Então vamos quebrando, mas vamos quebrando devagarzinho, para não quebrar a estrutura da casa do pintinho!


Fonte:  Ana Luisa Testa - Psicologahttp://www.terapiaemdia.com.br/