Ir ao psicólogo é coisa
para louco né? E eu não sou louco! Quantos de nós, psicólogos já não ouvimos
isso?
E em função disso, muitos criam
uma verdadeira muralha e até pre-conceitos sobre a terapia, mesmo quando decidem faze-la. Inventam mil desculpas de que hoje não vai
dar para ir, estou enrolado no serviço, acordei tarde, etc...
Pensando nisso, resolvi
colocar um texto da Psicóloga Ana Luisa Testa que explica exatamente o que significa essa tal de resistência.
Quem está familiarizado
com os jargões psicológicos já deve ter ouvido muito a primeira palavrinha do
título: resistência. Para aqueles que ainda não a conhecem, darei uma breve
explicação, pois me parece que o termo já se explica por si só.
A resistência seria o
conjunto de fatores que dificultam o andamento do processo terapêutico. Esses
fatores, em sua maioria, são inconscientes. Trocar palavras, esquecer o
horário, perder as chaves do carro, e assim por diante.
Mas uma boa dose deles, são
determinados conscientemente: marcar outros compromissos na hora da terapia,
encher o tempo da sessão com conversa fiada, restringir os assuntos que podem
ser falados, etc..
Para que um trabalho
analítico caminhe bem, é FUNDAMENTAL que essas resistências sejam trabalhadas.
Mas existe um tempo certo para isso.
Mas por que as pessoas
resistem tanto? Acredito que por uma certa atitude de rigidez egóica. Nós
queremos que todos aqueles sintomas indesejáveis sejam arrancados de nós
durante uma análise, mas não sei quantos de nós estão dispostos a mudar por
isso.
É aquela velha história de
que para que algo novo surja, o antigo deve perecer. Não somos muito chegados
nessa história de “perecer”. Afinal de contas, parece que o problema é sempre
os outros, nunca nós mesmos.
Mas aí o terapeuta é
colocado em um papel muito complicado. É como ir ao médico e dizer: “Dr., tenho
colesterol alto. Mas por favor, não vamos fazer exame de sangue, pois não gosto
de agulha.
Aí o médico te passa um
medicamento que você esquece de tomar, e também fala para você fazer
atividade física. Você até se matricula na academia, mas nunca vai, pois sempre
tem coisas mais importantes para fazer com seu tempo.
E seu colesterol melhora?
Não, não melhora… e você pensa que talvez seja melhor marcar outro médico.
Isso é um tanto
frustrante, tanto para o terapeuta quanto para o cliente. Mas trabalhar as
resistências dentro da terapia não é tarefa fácil. Se você for condescendente
em demasia com a atitude de “não querer ver, não querer saber, não querer
mudar” de seu cliente, pode ser que ele nunca se dê conta de como sabota seu
processo. Se você for muito duro, pode ser que você o quebre, e ele nunca mais
volte.
Se as resistências estão
lá, é porque são necessárias e protegem algo que pode desmontar. Ao terapeuta,
cabe perceber (dando leves cutucadinhas) qual é o momento propício para tocar
no assunto.
Gosto muito dessa frase da
Monja Coen, sobre como isso se dá na relação mestre-discípulo no zen budismo (e
que acho que dê para extrapolar para a relação terapeuta-paciente):
”No
zen, costumamos dizer que o relacionamento do mestre com o discípulo deve ser
como o da galinha com o pintinho. A galinha fica lá, chocando seu ovo e, de vez
em quando, dá uma bicada na casca para ver se já pode abrir. Enquanto o
pintinho não responde com uma batidinha, a galinha não quebra a casca do ovo. O
mestre age da mesma forma. Ele nunca abre a casca do discípulo antes da hora,
pois é preciso que haja uma resposta de dentro. É muito importante respeitar o
tempo de cada um, sem querer forçar ou exigir nada de que o outro ainda não dê
conta.”
A resistência é como a
casca do ovo, que protege o pintinho, até que ele possa sair dali para se
relacionar por inteiro com tudo o que está à sua volta. Então vamos quebrando,
mas vamos quebrando devagarzinho, para não quebrar a estrutura da casa do
pintinho!
Fonte: Ana Luisa Testa - Psicologa - http://www.terapiaemdia.com.br/
Maravilhoso texto, Giovanna!!!! Adorei!!
ResponderExcluirIone
É muito difícil fazer alguém sair da sua chamada ZONA DE CONFORTO. Na verdade, é mais fácil não mudar do que mudar.
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