A
sensação de que não se é o único a vivenciar sintomas e dificuldades diminui o
sofrimento e facilita a busca por ajuda profissional e familiar.
Surgem, porém,
dúvidas que devem ser elucidadas para que o melhor tratamento seja efetivamente
buscado.
A
abordagem ao transtorno obsessivo compulsivo sempre deixa dúvidas no cidadão
comum: será que o que tenho são manias ou será que tenho TOC? Às vezes
brincadeiras são feitas com esse tipo de referência a pessoas muito
organizadas. Nada contra o bom humor, mas esse tipo de brincadeira não engloba
o conhecimento sobre o sofrimento que alguém com TOC vivência no dia a dia. Faz-se
necessário, portanto esclarecer esta diferença para que caso seja importante se
busque ajuda.
Na
verdade a palavra "mania"
tem origem grega e significa loucura. Para a Psiquiatria, a mania tem outro
significado e se caracteriza pela mudança exacerbada de humor, com alteração
comportamental dirigida, em geral, para determinada ideia fixa e podendo
desenvolver características de quadro psicótico grave e agudo, típico, mas não
exclusivo, por exemplo, do transtorno bipolar; caracteriza-se por grande
agitação, loquacidade, euforia, insônia, perda de senso crítico, grandiosidade,
exaltação da sexualidade e heteroagressividade (dirigida às pessoas, diferentemente da autoagressividade, que volta-se contra
si mesmo). Significado, portanto, diferente do que se usa popularmente.
Vulgarmente
a mania é associada a hábitos que, entretanto, não são propriamente manias,
pois não interferem na vida individual ou social do indivíduo. Recebem esse
nome, por exemplo, alguns hábitos ou costumes caracterizados por alguma
fixação, rituais, etc., como horários para fazer refeição, formas de vestir,
colecionar e rotinas de organização.
Certo
grau de rituais é importante para lidar com situações principalmente de
estresse. Estar atento à intensidade e rigidez dessas manias é uma forma de
observar e gerenciar a saúde mental.
Não é
anormal que uma pessoa apresente de forma passageira obsessões e compulsões
vinculadas a preocupações reais. Rituais também ocorrem relacionados a tais
situações, como uma viagem, uma prova, uma situação constrangedora. Os
pensamentos e rituais podem ficar recorrentes por determinado período, mas
finalizam com o tempo ou com a resolução do problema. As manias e rituais
servem como forma de organizar a ansiedade e solucionar o caso. O problema é
quando isso fica fora de controle e atrapalha o funcionamento da vida. No
transtorno obsessivo-compulsivo a vida se torna comprometida por obsessões e
compulsões.
Segundo
o DSM IV, obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e
persistentes que são intrusivos e causam ansiedade e desconforto. Não são meras
preocupações excessivas com problemas da vida real. A pessoa tenta
neutralizá-los com outros pensamentos ou ação. São produto da própria mente.
Pensamentos relacionados ao medo da miséria financeira e de cunho sexual são
alguns exemplos.
As
compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente
compelida a fazer em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras
rigidamente auto impostas. A necessidade intensa e incontrolável de lavar as
mãos para que não seja contaminado é exemplo de compulsão.
As
obsessões e compulsões geram sofrimento, consomem tempo e energia e atrapalham
a rotina do indivíduo interferindo na vida pessoal, profissional ou acadêmica.
Normalmente a depressão está associada ou surge como consequência desse
processo.
De
qualquer forma, é importante sabermos que as manias fazem parte da vida, ou
seja, hábitos que desenvolvemos para lidar com o dia a dia e com suas
exigências, e certo grau de rituais é importante para tratar situações
principalmente de estresse. estar atento à intensidade e rigidez dessas manias
é uma forma de observar e gerenciar a saúde mental.
O transtorno obsessivo compulsivo
é um transtorno de ansiedade que em sua maioria dá sinais de que está se
desenvolvendo. Gerenciar a ansiedade, flexibilizar a cobrança interna e o senso
de responsabilidade bem como fortalecer a segurança e autoestima, são formas de
prevenir ou amenizar a instalação da doença.
Fonte:
Revista Psique Edição 71 – 2011 Por: Andreia
Calçada
Ótima matéria, eu tenho esse transtorno com a alimentação e com ajuda terapêutica consigo controlar melhor!
ResponderExcluirParabéns seu blog está muito legal.
Concordo. Nesses casos a terapia pode contribuir e muito para uma melhora significativa.
ResponderExcluirAbraços.
Ione