sexta-feira, 9 de março de 2012

MANIA OU TOC?




A sensação de que não se é o único a vivenciar sintomas e dificuldades diminui o sofrimento e facilita a busca por ajuda profissional e familiar.
Surgem, porém, dúvidas que devem ser elucidadas para que o melhor tratamento seja efetivamente buscado.

A abordagem ao transtorno obsessivo compulsivo sempre deixa dúvidas no cidadão comum: será que o que tenho são manias ou será que tenho TOC? Às vezes brincadeiras são feitas com esse tipo de referência a pessoas muito organizadas. Nada contra o bom humor, mas esse tipo de brincadeira não engloba o conhecimento sobre o sofrimento que alguém com TOC vivência no dia a dia. Faz-se necessário, portanto esclarecer esta diferença para que caso seja importante se busque ajuda.

Na verdade a palavra "mania" tem origem grega e significa loucura. Para a Psiquiatria, a mania tem outro significado e se caracteriza pela mudança exacerbada de humor, com alteração comportamental dirigida, em geral, para determinada ideia fixa e podendo desenvolver características de quadro psicótico grave e agudo, típico, mas não exclusivo, por exemplo, do transtorno bipolar; caracteriza-se por grande agitação, loquacidade, euforia, insônia, perda de senso crítico, grandiosidade, exaltação da sexualidade e heteroagressividade (dirigida às pessoas, diferentemente da autoagressividade, que volta-se contra si mesmo). Significado, portanto, diferente do que se usa popularmente.

Vulgarmente a mania é associada a hábitos que, entretanto, não são propriamente manias, pois não interferem na vida individual ou social do indivíduo. Recebem esse nome, por exemplo, alguns hábitos ou costumes caracterizados por alguma fixação, rituais, etc., como horários para fazer refeição, formas de vestir, colecionar e rotinas de organização.

Certo grau de rituais é importante para lidar com situações principalmente de estresse. Estar atento à intensidade e rigidez dessas manias é uma forma de observar e gerenciar a saúde mental.

Não é anormal que uma pessoa apresente de forma passageira obsessões e compulsões vinculadas a preocupações reais. Rituais também ocorrem relacionados a tais situações, como uma viagem, uma prova, uma situação constrangedora. Os pensamentos e rituais podem ficar recorrentes por determinado período, mas finalizam com o tempo ou com a resolução do problema. As manias e rituais servem como forma de organizar a ansiedade e solucionar o caso. O problema é quando isso fica fora de controle e atrapalha o funcionamento da vida. No transtorno obsessivo-compulsivo a vida se torna comprometida por obsessões e compulsões.

Segundo o DSM IV, obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são intrusivos e causam ansiedade e desconforto. Não são meras preocupações excessivas com problemas da vida real. A pessoa tenta neutralizá-los com outros pensamentos ou ação. São produto da própria mente. Pensamentos relacionados ao medo da miséria financeira e de cunho sexual são alguns exemplos.

As compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente compelida a fazer em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras rigidamente auto impostas. A necessidade intensa e incontrolável de lavar as mãos para que não seja contaminado é exemplo de compulsão.

As obsessões e compulsões geram sofrimento, consomem tempo e energia e atrapalham a rotina do indivíduo interferindo na vida pessoal, profissional ou acadêmica. Normalmente a depressão está associada ou surge como consequência desse processo.

De qualquer forma, é importante sabermos que as manias fazem parte da vida, ou seja, hábitos que desenvolvemos para lidar com o dia a dia e com suas exigências, e certo grau de rituais é importante para tratar situações principalmente de estresse. estar atento à intensidade e rigidez dessas manias é uma forma de observar e gerenciar a saúde mental. 

O transtorno obsessivo compulsivo é um transtorno de ansiedade que em sua maioria dá sinais de que está se desenvolvendo. Gerenciar a ansiedade, flexibilizar a cobrança interna e o senso de responsabilidade bem como fortalecer a segurança e autoestima, são formas de prevenir ou amenizar a instalação da doença.


Fonte: Revista Psique Edição 71 – 2011  Por:  Andreia Calçada 

2 comentários:

  1. Ótima matéria, eu tenho esse transtorno com a alimentação e com ajuda terapêutica consigo controlar melhor!
    Parabéns seu blog está muito legal.

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  2. Concordo. Nesses casos a terapia pode contribuir e muito para uma melhora significativa.
    Abraços.
    Ione

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